Na semana anterior, líderes petistas declararam seu voto no segundo turno em Aracaju ao candidato Luiz Roberto (PDT). O ministro Márcio Macedo optou por um apoio mais explícito, enquanto a base rogerista fez uma declaração de voto crítica, argumentando que a candidatura de Luiz simboliza um ponto em comum com o campo da esquerda e uma maior proximidade com as políticas do governo Lula, rechaçando totalmente o voto aracajuano na candidatura bolsonarista da advogada Emília Correia (PL).

O ato rogerista, além de ser um gesto de demarcação política distante da base de direita sergipana, também representa um posicionamento estratégico inteligente dos líderes Rogério Carvalho e Candisse. Isso porque uma possível vitória de Emília em Aracaju poderá comprometer a manutenção da atual posição do senador petista nas eleições de 2026. Se Emília vencer essas eleições municipais, é provável que o PL sergipano se torne a maior força de oposição ao governo Mitidieri, retirando o brilho que o staff petista pretende manter. Para Rogério, é estratégico manter a posição de maior adversário governista sob o controle do PT, como forma de tentar viabilizar sua reeleição ao cargo de senador, especialmente entre aqueles que o colocaram como um forte segundo colocado na corrida pelo governo em 2026.

Rogério sabe que, se Emília se tornar prefeita da maior cidade de Sergipe, o bolsonarismo poderá se consolidar como a segunda força política no estado, relegando o petismo a uma posição secundária na oposição estadual. Dificilmente o PT conseguiria estabelecer um entendimento político com o PL, dada a forte divergência ideológica no âmbito nacional; assim, a ascensão de Emília representaria um grande risco para os rogeristas. Por isso, o voto crítico em Luiz Roberto, mesmo sem o compromisso de integrar um futuro governo do candidato pedetista, é uma decisão estratégica e necessária para todos os rogeristas.

Rogério Carvalho, como político inteligente que é, deve compreender que independente do resultado eleitoral na capital este ano, Mitidieri permanece como governador, enquanto uma possível vitória de Emília poderá retirar dos petistas a posição de maiores opositores do atual governador. Essa é a conta fria da política!