Flávão Fraga

Bolsonarismo de Emília limita sua candidatura e impulsiona Luiz com mais apoios

15/10/2024 às 10:48:36

A candidatura à prefeitura de Aracaju da advogada Emília Correia (PL), que ainda lidera a disputa na capital, parece ter estagnado em suas intenções de voto. Segundo duas pesquisas publicadas nesta semana, a candidata tem apresentado percentuais bastante semelhantes aos do primeiro turno, quando competia com diversos outros nomes por uma vaga na segunda fase da eleição. Ou seja, mesmo com a redução de concorrentes no segundo turno, ela não consegue ampliar sua margem percentual.

A estagnação de Emília, conforme apontam analistas, sugere que sua campanha, embora encontre apoio no segmento bolsonarista — expressivo em Aracaju —, não é suficiente para garantir o sucesso de uma chapa majoritária. Isso se deve ao fato de que o número de eleitores de centro-esquerda na cidade ainda é maior.

À medida que o eleitorado começa a perceber as contradições da candidata, que afirma querer "furar a bolha do sistemão" enquanto se alinha a representantes da velha política, como os irmãos Amorim, Zezinho Guimarães e o presidente nacional do PL, o ex-mensaleiro Valdemar Costa Neto, a parcela crítica dos eleitores começa a questionar se sua retórica corresponde à realidade e a suas verdadeiras intenções. A possibilidade de Eduardo Amorim assumir a secretaria de Saúde também levanta dúvidas entre os eleitores mais atentos.

Além disso, em um segundo turno que se torna uma espécie de eleição peblicitária, onde as pessoas tendem a escolher candidatos com ideias menos distantes das suas, os eleitores mais à esquerda provavelmente optarão por Luiz Roberto (PDT). Ele possui experiência comprovada em ações e não apenas em palavras, além de se alinhar mais estreitamente às políticas sociais defendidas pelo presidente Lula.

Outro ponto a considerar é o impulso proporcionado pelo apoio das máquinas municipal e estadual, lideradas pelo governador Mitidieri e pelo prefeito Edvaldo, este último com uma avaliação muito positiva na capital. 

A candidatura de Emília Correia, que representa a essência do bolsonarismo em busca de se firmar em Aracaju, tem encontrado em Luiz Roberto (PDT) o principal beneficiário dos apoios recebidos de seus concorrentes do primeiro turno. Exemplos disso são os apoios críticos de Candisse Carvalho (PT) e Niully Campos (PSOL), além do respaldo explícito da delegada Danielle Garcia (MDB). Em contrapartida, a candidatura de Emília conseguiu atrair apenas o apoio pouco expressivo do candidato Zé Paulo (Novo).

A análise dos últimos movimentos no tabuleiro da disputa eleitoral na capital indica uma possível estagnação na candidatura de Emília, que visivelmente não consegue se desvincular da forte associação com o bolsonarismo que a impulsionou no primeiro turno, quando o cenário era de disputa mais fragmentada, mas agora essa associação de imagem a impede de atrair eleitores dos demais candidatos mais à esquerda que concorreram o primeiro turno.