Plano de golpe e envenenamento de Lula, Alckmin e Moraes teria começado na casa do candidato a vice de Bolsonaro
O despacho do ministro Alexandre de Moraes para autorização da operação que buscava fazer um golpe de estado contra a eleição de Lula e Alckmin começou a ser planejada em novembro de 2022.
Naquele mesmo mês, teria sido iniciado um monitoramento de Moraes que foi definido após uma reunião na casa do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto em que se iniciou uma programação da tentativa de golpe. Estavam sendo monitorados dados e a localização do ministro do STF. Foram empregadas técnicas militares para esconder telefones.
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Havia também um plano para matar Moraes, Lula e Alckmin através de envenenamento. O documento descreve que, considerando a vulnerabilidade de saúde do então presidente eleito e da frequente ida a hospitais, era possível usar envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico no presidente Lula. Em relação a Alexandre de Moraes, o documento aponta a possibilidade também de morte por algum tipo de elemento químico, mas também com um artefato explosivo ou por envenenamento em evento oficial público.
Os militares que planejavam o golpe de Estado programavam usar pistolas, metralhadoras e até um lança-granada nas operações que visavam prender, depois executar, o ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Documentos apreendidos nos equipamentos do general da Reserva, Mário Fernandes, ex-ministro interino da Presidência da República, revelam a programação do uso de pistolas 9mm, fuzis e metralhadoras. Há também a previsão de uso de um lança-granada de 40mm e de um lança-rojão AT-4.
São armamentos de guerra comumente utilizados por grupos de combate. A Polícia Federal aponta o general da Reserva, Mário Fernandes, como o principal elo entre o grupo que organizava o golpe e também os manifestantes que estavam em frente a quartéis do Exército no final de 2022.
Segundo a Polícia Federal, Mário Fernandes tinha atuação direta e chegou, inclusive, a visitar o local montado aqui em frente ao quartel-general do Exército, passando informações da organização do golpe para as pessoas que estavam acampadas em frente aos quartéis do Exército.
Há uma citação, inclusive, aos riscos de uma situação desse tipo, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que haveria uma chance grande de captura dos militares envolvidos nesse plano, mas eles tinham todo esse planejamento.
A documentação foi apreendida no celular do tenente coronel Mauro Cid e serviu de embasamento justamente pra operação contra golpes que está sendo realizada nesta terça-feira (19).
No despacho de Moraes autorizando a operação, há a justificativa de trocas de mensagens entre o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e diversos outros militares envolvidos nessas apurações do golpe. Uma das mensagens, inclusive, de Cid é para o então comandante do Exército General Freire Gomes, em que ele pede para que Freire Gomes vá até o Alvorada conversar com Jair Bolsonaro, que depois de perder as eleições de 2022 ficou recluso. Segundo Cid, o ex-presidente estava sofrendo uma pressão maior por parte de parlamentares para dar um golpe.
Cid diz que Bolsonaro, inclusive, enxugou um decreto, mas que gostaria de conversar ainda com Freire Gomes.
Há informações também de troca de mensagens entre Mauro Cid e Marcelo Câmara, que era seu auxiliar na ajudança de ordens da Presidência da República, em que Câmara passa informações do monitoramento de rotas e da portaria em que Lula e Geraldo Alckmin entrariam no TSE para ser diplomados em dezembro de 2022.
Moraes confirma que os militares que estavam planejando esse plano, estavam atuando nessa tentativa de golpe de Estado, utilizaram inclusive veículos do Exército para executar esse planejamento e estavam prevendo a execução do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin. A previsão era disso ocorrer no dia 15 de dezembro de 2022. Eles ainda habilitaram linhas de telefonia móvel em nome de terceiros para poder montar um grupo em um aplicativo de mensagens e deram o nome desse grupo de Copa 2022.
Cada um deles acabou recebendo um codinome associado a países como Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana, exatamente numa tentativa de não revelarem suas verdadeiras identidades. E criaram o grupo e começaram a trocar mensagens planejando a organização desse golpe de Estado.
Eles compartilharam mensagens no dia 15 de dezembro de 2022 por meio de um aplicativo e tentaram organizar a execução desse golpe de Estado.
Segundo o despacho do ministro Alexandre de Moraes, é plenamente plausível que, inclusive, a pessoa de codinome Gana estivesse próxima à residência do ministro Moraes nesse dia 15 de dezembro de 2022. A informação, em troca de mensagem, é que essa pessoa, inclusive, simulou um trajeto a pé entre a residência de Moraes aqui em Brasília e um shopping na área central de Brasília.
Na visão dos investigados, havia essa programação de ter uma prisão ilegal e possível execução do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, com o uso de técnicas militares e terroristas, além do possível assassinato dos candidatos eleitos Lula e Geraldo Alckmin.
Saiba mais sobre a operação
A Polícia Federal prendeu cinco pessoas na operação Contragolpe. Os alvos são suspeitos de terem planejado um golpe de estado para impedir a posse do presidente Lula após as eleições de 2022.
Além dos cinco mandados de prisão, os agentes federais cumpriram três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 horas, e a suspensão do exercício de funções públicas. O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento dos mandados, que estão sendo efetivados no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.
Todos os cinco presos exerciam cargos públicos. Eles eram: o tenente coronel Hélio Ferreira Lima, que comandava a 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus, destituído do cargo em fevereiro deste ano; o general e ex-ministro interino da Secretaria-Geral Mário Fernandes, Secretário executivo da PR. Atualmente, ele é reformado e assessor do deputado Eduardo Pazuello; major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira. Ele negociou com o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o pagamento de R$ 100 mil para custear a ida de manifestantes a Brasília; o major Rodrigo Bezerra de Azevedo; e o policial federal Wladimir Matos Soares.
Todos eles, menos o policial, estão entre os chamados kids pretos, militares da elite, das chamadas forças especiais do Exército, que planejaram a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal, que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado.
Fonte: Portal Terra