Mitidieri demonstra segurança e antecipa nomes, mas não despreza outras opções ao Senado flutuando na órbita governista

Diferente do que tentam vender alguns setores da oposição, o governador Fábio Mitidieri está longe de ser um líder fragilizado. Pelo contrário: ao antecipar o anúncio de sua chapa, deixou claro que está confortável, seguro e no controle do próprio tabuleiro político. Aliás, foi o anúncio de chapa estadual mais antecipado da história recente de Sergipe.
Quem está fraco recua. Quem está inseguro adia. Mitidieri fez o oposto: cravou nomes, expôs a estratégia e selou o rumo sem pedir bênção a ninguém. Alessandro Vieira e André Moura foram oficializados como seus pré-candidatos ao Senado, e Jeferson Andrade foi confirmado como vice. Isso não é gesto de quem teme — é atitude de quem governa com segurança e autonomia.
O detalhe que incomodou muita gente foi o “timing”. Mitidieri fez o anúncio antes mesmo de conversar com Luiz Inácio Lula da Silva. Traduzindo: “minha base está definida, meus compromissos são antigos e não será um diálogo em Brasília que desfará acordos firmados em Sergipe”. Não foi desrespeito, foi cumprimento de palavra e lealdade a um projeto coletivo. Mitidieri sabe acolher novos aliados, sem desonrar os velhos companheiros.
Já Edvaldo Nogueira segue seu projeto individual, sem um grande grupo e sem bênção oficial. A conta de 2024 foi paga quando o governo apoiou Luiz Roberto e, a partir daí, cada um passou a cuidar do próprio destino eleitoral. Edvaldo seguirá votando com o governo, mas sem crédito político para exigir contrapartidas ao seu projeto atual.
Quanto a Rogério Carvalho, a leitura é simples: Lula não recusará apoio espontâneo de um governador, e a garantia de que Mitidieri não fará campanha contra Rogério já entra na conta como ganho para o grupo petista. Márcio Macedo tende a ser o maior beneficiado nesse rearranjo, já que Lula dificilmente poderá exigir a presença formal de um nome petista ao Senado na chapa de Mitidieri. Em troca, terá capital político suficiente para solicitar gestos do governo estadual que fortaleçam a consolidação do ex-ministro Márcio Macedo rumo à Câmara Federal em 2026. Esse tende a ser o mínimo de gesto que o governador poderá oferecer ao presidente Lula, ainda muito bem avaliado em Sergipe.
No fim das contas, o cenário é claro: enquanto a oposição tenta pintar o caos, Fábio organiza o próprio exército com estratégia e tranquilidade. Enquanto falam em fragilidade, ele antecipa, define, fecha e amplia.
A órbita segue repleta de aspirantes ao Senado, mas o centro de gravidade permanece o mesmo: ele.
E, em política, quem controla a gravidade, controla o jogo.











