A presença de políticos considerados "bolsonaristas" em cargos federais, vem causando tristeza e revolta em vários militantes petistas. Entretanto, tudo isto tem algumas causas, e a principal é o orçamento secreto.

Durante as eleições, Lula já afirmava em alto e bom som, sem pedir segredo, que caso eleito presidente, teria que governar negociando com o congresso que fosse eleito. Inclusive, durante estas falas, Lula sempre reforçava o apelo para que seus eleitores votassem em parlamentares do bloco de esquerda.

Pelo visto, o pedido do líder não foi tão compreendido ou aceito, uma vez que o seu PT só elegeu apenas 69 deputados federais, enquanto o PL de Bolsonaro fez 99 cadeiras. Sem contabilizar também a está conta, as centenas de deputados conservadores que fazem parte de outras legendas que compõem o centrão.

Ou seja, atualmente o Brasil possui um dos congressos mais conservadores de toda a sua história, o que dificulta o presidente avançar em pautas mais progressistas e socialmente mais inclusivas.

Como a nossa Constituição ampara uma espécie de Presidencialismo parlamentar, é natural que todos os chefes de governo tenham que discutir a formação de governo de coalizão, buscando articular maioria congressista com a maioria possível de parlamentares. E, naturalmente, isso requer abertura de espaços para estes no governo.

Desta feita, antes de tudo, os petistas insatisfeitos com a presença de conservadores em seu governo, precisam analisar o peso que o orçamento secreto teve para eleger tal maioria bolsonarista no congresso. Parafraseando uma frase lulista, "nunca na história do Brasil" o centrão deitou e rolou tanto na liberação de recursos de emendas parlamentares, como foi no governo Bolsonaro. De fato, a tal RP9 ou orçamento secreto favorece a isto.

Ao invés de bradarem reclamando sobre os efeitos (a presença de conservadores no governo), os militantes petistas deveriam discutir as suas causas. Se hoje há tantos políticos conservadores ocupando espaços no governo Lula, isto tem um motivo e uma razão lógica, pois para que isso viesse acontecer, a aprovação do orçamento secreto foi algo principal.

O mais contraditório de tudo isso, é vermos parlamentar que foi voto decisivo para autorizar a oficialização desse regime famigerado de liberação de recursos, ser um dos primeiros a tentar "fazer teatro" para militantes petistas, tentando "jogar para a torcida", reclamando e apontando para a presença de Bolsonaristas no governo. 

Ora, já que então esse tipo de parlamentar é tão "esquerda" assim o quanto diz, porque em tempos atrás, com o seu voto, ajudou a dar causa ao que fez aumentar o tamanho da bancada de direita? 

De fato, Lula atualmente estaria meio "refém" dos desejos e vontades do centrão, mas o resultado do tal "orçamento secreto" poderia ser bem pior. Por pouco, Lula não foi derrotado nas urnas pelo Bolsonaro e um dos ingredientes para que quase isso tivesse acontecido foi o orçamento secreto, o qual deu uma enorme "azeitada" na campanha do "mito".

A militância petista precisa atentar para estes fatos!

Por: Flavão Fraga - Jornalista.