Enquanto grupos se dividem em disputa congestionada pelo Senado, governador segue em mar aberto

A recente queda de braço entre o deputado federal Rodrigo Valadares e o empresário Edivan Amorim, que presidia o PL em Sergipe, pelo comando da legenda, expôs mais que uma guerra interna na direita pelo controle de um partido. Ela evidenciou uma fissura clara na base oposicionista, cujo foco principal tem sido a disputa pela vaga no Senado em 2026.
Enquanto o grupo liderado por Emília Corrêa (PL) não articula qualquer alternativa para substituir Valmir de Francisquinho (PL)— que enfrenta impedimentos judiciais —, a tentativa de derrotar o governador Fábio Mitidieri (PSD), que tentará a reeleição, parece não ser prioridade. Os oposicionistas de direita demonstram acomodação nos espaços de poder conquistados nas duas principais prefeituras do estado, Aracaju e Itabaiana, e parecem evitar o confronto direto com o governador, que conta com um grupo político bem estruturado e os recursos da concessão da Deso para turbinar sua gestão. O bloco mira apenas o Senado, apostando nessas estruturas municipais para impulsionar candidaturas que, no entanto, dividem internamente o grupo: Rodrigo Valadares, Eduardo Amorim e Adailton de Valmir.
Enquanto a disputa pelo Senado engarrafa e congestiona o campo oposicionista, a apresentação de um nome forte ao Executivo segue órfã. Surgiu apenas o deputado federal Thiago de Joaldo, politicamente enfraquecido após derrota em sua cidade natal, recém-chegado ao bloco oposicionista e com um discurso tardio de enfrentamento a um governo que, até pouco tempo, elogiava e do qual fez parte.
No campo da esquerda, o cenário não é diferente. Também há superlotação de nomes dispostos a disputar o Senado, mas poucos se apresentam para o Executivo. No PT, a guerra fria entre o ministro Márcio Macedo e o senador Rogério Carvalho projeta um duro duelo pela indicação ao Senado. O desinteresse pelo governo é tão evidente que, além de Márcio — que mantém excelente relação com Fábio Mitidieri —, até Rogério passou a suavizar críticas ao governador, alegando que o recuo serviria para ampliar o arco de alianças em favor de Lula. A esse quadro somou-se ainda a pré-candidatura do vereador de Aracaju, Iran Barbosa, pelo PSOL.
Já no campo governista, focado na reeleição de Mitidieri, a disputa pelo Senado também gera atritos. A falta de consenso entre os nomes do ex-prefeito Edvaldo Nogueira, do senador Alessandro Vieira e do ex-deputado André Moura revela a mesma dificuldade de unidade vista na oposição.
Diante desse cenário, enquanto todos os grupos concentram-se na vaga ao Senado como se fosse a prioridade máxima, o governador Fábio Mitidieri segue navegando em mar aberto, sem congestionamento à vista, rumo à “terra prometida” chamada reeleição.