Enquanto Alessandro propõe um caminho sensato para o 8 de janeiro, Rodrigo Valadares ataca, mas carrega um passado contraditório

10/05/2025 às 14:12:14

Nos últimos dias, o cenário político sergipano foi palco de mais um embate ideológico protagonizado pelo deputado federal Rodrigo Valadares (União Brasil) e o senador Alessandro Vieira (MDB-SE). Em questão, a anistia para aqueles envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Enquanto Valadares defende uma anistia irrestrita, com um discurso inflamado que agrada à base bolsonarista, Vieira propõe um projeto mais equilibrado, com penas atenuadas, mas sem absolvição geral.

A proposta do senador sergipano prevê a individualização das condutas, restringindo as penas a um máximo de 12 anos para os envolvidos que não tiveram papel de liderança ou não praticaram violência significativa. A ideia é corrigir excessos sem desconsiderar a gravidade de tentar subverter a ordem democrática, um posicionamento que o diferencia da narrativa bolsonarista mais radical. Em contraponto, Valadares, em seus vídeos recheados de frases de efeito e lacração, acusa Vieira de ser um "traidor" do bolsonarismo, argumentando que o senador teria surfado na onda bolsonarista para se eleger.

A ironia da fala de Rodrigo Valadares é que ele próprio é um exemplo clássico de metamorfose política. Em 2018, ano de sua eleição, ele estava alinhado a líderes petistas, sendo fotografado usando o boné vermelho do MST e fazendo o "L" de Lula. O deputado tem o direito de mudar de opinião, é claro. No entanto, ao criticar de forma tão veemente um senador que nunca se apresentou como um bolsonarista raiz, ele expõe suas próprias contradições. Alessandro, por outro lado, apenas coincidiu em algumas pautas com Bolsonaro no contexto da Operação Lava Jato, mas nunca fez da agenda bolsonarista a sua bandeira política.

A postura crítica de Valadares revela mais um capítulo da política do espetáculo. Em um tempo de polarização extrema, discursos radicais se transformam em reservas eleitorais, servindo mais para alimentar o circo político do que para solucionar problemas práticos do cidadão comum. Nesse cenário, Alessandro Vieira se mantém fiel ao discurso anticorrupção, mesmo que isso o faça perder apoios entre os mais radicais.

Para o eleitor sergipano, a questão que fica é: quem está realmente preocupado em propor soluções coerentes para os problemas do país? Enquanto uns gritam e lacram para as redes sociais, outros tentam discutir pautas sérias, mas enfrentam a resistência dos que preferem o circo ao debate substancial.