Com Bolsonaro em prisão domiciliar e no banco dos réus, FHC torna-se o único ex-presidente eleito por voto direto pós-redemocratização a não ser preso ou sofrer impeachment

04/09/2025 às 11:31:25

O Brasil vive mais um momento histórico de turbulência política. Com a decretação da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro em 4 de agosto de 2025 e seu julgamento em andamento, Fernando Henrique Cardoso (FHC) se consolida como o único ex-presidente eleito por voto direto após a redemocratização que não sofreu impeachment nem prisão. É importante lembrar que José Sarney, que assumiu a Presidência no período pós-redemocratização, não foi eleito diretamente pelo voto popular.

Desde o fim da ditadura militar, quase todos os presidentes eleitos diretamente enfrentaram crises que marcaram a política nacional. Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito diretamente após o regime militar, foi impeachado em 1992 e posteriormente condenado pelo Supremo Tribunal Federal. Luiz Inácio Lula da Silva, que governou entre 2003 e 2010, foi preso em 2018, embora suas condenações tenham sido anuladas em 2021. Dilma Rousseff, primeira mulher a ocupar a Presidência, foi impeachada em 2016, acusada de manobras fiscais. Michel Temer, que assumiu após a queda de Dilma, chegou a ser preso preventivamente em 2019, em desdobramentos da Operação Lava Jato.

Em meio a esse histórico de instabilidade, FHC (1995–2002) aparece como uma exceção. Governando por dois mandatos consecutivos, o tucano nunca enfrentou processos que colocassem sua liberdade ou seu mandato em risco, consolidando-se como um ponto fora da curva na política brasileira.

O caso de Bolsonaro reforça essa percepção. Sua prisão domiciliar e a inelegibilidade marcam mais um capítulo na saga de ex-presidentes atingidos pela Justiça e evidenciam a fragilidade da posição presidencial diante de crises judiciais e políticas.

Enquanto o julgamento de Bolsonaro se desenrola, a história recente do país lembra que, na política brasileira, a estabilidade é uma exceção. Nesse cenário, Fernando Henrique Cardoso se destaca como referência histórica de longevidade afastada de crises legais ou políticas.