Flavão Fraga

Câncer dispara e torna-se a maior causa de mortes em várias regiões do Brasil

20/10/2024 às 07:58:34

Um estudo inédito revela que o câncer já ocupa a posição de primeira causa de morte em algumas regiões do Brasil, superando as doenças cardiovasculares. A pesquisa, conduzida por especialistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas e a Universidade Federal de Uberlândia, foi publicada recentemente no periódico The Lancet Regional Health - Americas.

Os pesquisadores analisaram dados de 5.570 municípios brasileiros, coletados pelo Sistema de Informações de Mortalidade, abrangendo o período de 2000 a 2019. A pesquisa focou também nas mortes prematuras, aquelas ocorridas entre 30 e 69 anos, que não podem ser atribuídas ao envelhecimento.

Durante esses anos, as taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares apresentaram uma queda significativa em 25 dos 27 estados brasileiros, enquanto as taxas de câncer aumentaram em 15 estados. O número de municípios onde o câncer é a principal causa de morte quase dobrou, passando de 7% para 13%.

Embora as doenças cardiovasculares ainda sejam responsáveis pela maioria das mortes, a mortalidade por câncer apenas diminuiu 10% no mesmo período em que os problemas cardiovasculares tiveram uma redução de quase 40%. 

Os pesquisadores atribuem essa transição a diversos fatores. "Os avanços no diagnóstico e no tratamento, além das campanhas antitabagismo, tiveram um impacto significativo na redução da mortalidade por doenças cardiovasculares. Em contrapartida, o câncer abrange mais de cem tipos diferentes de doenças, o que torna sua abordagem e controle mais complexos", explica um dos autores do estudo.

Os dados ressaltam a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes no combate ao câncer e de um maior investimento em pesquisa e tratamento, visando reverter essa alarmante tendência que já se observa em países desenvolvidos. A crescente incidência de câncer no Brasil exige uma mobilização conjunta entre governo, instituições de saúde e sociedade civil para enfrentar esse grave problema de saúde pública.

 

 

* Com informações do portal Uol