Após o governador Fábio Mitidieri (PSD) anunciar a composição da chapa que dará sustentação à sua tentativa de reeleição, a reação da oposição foi imediata — e marcada por contradições. O desenho apresentado trouxe o deputado Jefferson Andrade (PSD) como pré-candidato a vice-governador e os nomes de Alessandro Vieira (MDB) e André Moura (União Brasil) como postulantes ao Senado.

Foi nesse cenário que o delegado André David passou a atacar o senador Alessandro Vieira, colocando em dúvida sua postura ética por ter posado ao lado de André Moura. Para André David, a imagem seria prova de incoerência política. A tese, no entanto, não se sustenta diante da realidade dos fatos.

Não houve qualquer gesto de alinhamento ideológico ou conversão política. Alessandro Vieira e André Moura seguem em campos distintos, com trajetórias e estilos divergentes. O que há é algo simples e objetivo: ambos passaram a integrar a composição articulada pelo governador, o que impôs apenas uma trégua formal. Não existe fusão política, não existe aliança programática e não houve abraço político. Cada um seguirá sua própria estratégia, com discursos e eleitorados distintos. A coincidência está no palanque, não nas ideias. Estão juntos apenas em torno do projeto majoritário liderado pelo governador Fábio Mitidieri — não por afinidade entre si.

O que André David evita comentar está dentro de sua própria trincheira.

Enquanto tenta posar de fiscal da coerência alheia, seu campo político vive uma guerra aberta entre Rodrigo Valadares (PL) e Eduardo Amorim (Republicanos), dois postulantes que hoje disputam a mesma vaga ao Senado, trocam indiretas publicamente e expõem uma divisão que já não se esconde.

A pergunta, portanto, é inevitável:

Quando a oposição montar sua foto oficial, com Rodrigo Valadares e Eduardo Amorim lado a lado, encenando unidade pelo projeto, qual será o discurso de André David? Vai chamar de “estratégia”? De “maturidade política”? Ou aplicará o mesmo peso e a mesma medida que tenta impor ao governo?

Crítica é legítima. Silêncio seletivo, não é.