Nos últimos dias, a oposição sergipana tentou demonstrar uma imagem de harmonia e força conjunta. Em um gesto simbólico, diversos nomes do grupo oposicionista visitaram o prefeito Valmir de Francisquinho (PL) durante a tradicional Festa dos Caminhoneiros de Itabaiana. Na ocasião, posaram sorridentes para uma fotografia, em uma tentativa clara de vender a ideia de que há coesão e alinhamento estratégico entre as lideranças. Alguns chegaram a sugerir que até o governador Fábio Mitidieri (PSD) estaria incomodado com o “registro histórico” da tal união, estampado em uma simples imagem.

No entanto, bastou uma entrevista para que a realidade voltasse à tona. Em conversa com o comunicador Gilson Gata Amarrada, nesta segunda-feira, 16, na Nova Princesa FM, Valmir escancarou os bastidores do grupo, deixando claro que a suposta unidade é muito mais aparência do que convicção. Ao ser questionado sobre quem apoiaria para o Senado, lançou uma indireta evidente ao ex-senador Eduardo Amorim — conterrâneo, aliado político e, ao que tudo indica, alvo direto da insatisfação.

"Eu ainda não conversei com nenhum senador. Eu não tratei de política estadual até agora. Pode ser que surja um candidato a senador por Itabaiana, o que seria excelente para a cidade. Mas precisa ser um senador que more em Itabaiana — não apenas alguém que diga que é de lá. Às vezes, a pessoa nasce em Itabaiana, mas vai embora e passa a morar em Aracaju ou em outro lugar. Eu acredito que o senador tem que viver na cidade. Se eu fosse governador, por exemplo, eu não moraria em Aracaju — eu moraria em Itabaiana", disparou Valmir, com um recado que soou alto e claro para os bastidores políticos.

A fala de Valmir desmonta qualquer ilusão de que há consenso entre os opositores sergipanos. Mais do que isso, revela o incômodo de uma liderança que, apesar dos sorrisos públicos, parece desconectada dos colegas de grupo. Em meio a esse clima de farpas disfarçadas por fotos e abraços, os deputados Georgeo Passos (Cidadania) e Thiago de Joaldo (PP) acabam ficando isolados na tentativa de manter viva a bandeira da oposição unida — uma missão que se torna cada vez mais difícil quando os próprios líderes minam a narrativa com declarações cortantes.

Diante de tudo isso, a pergunta inevitável é: será mesmo que é com essa oposição que o governador Fábio Mitidieri deveria se preocupar?