Oposição em Boquim critica mudança em calendário de pagamento, mas esquece a "herança maldita"

Como se aguardassem ansiosamente pelo anúncio do pior, adversários do atual prefeito de Boquim, Jackson do Mangue Grande (PSD), deram o tom de comemoração ao transformarem em denúncia uma alteração no calendário de pagamento de servidores contratados.
Os oposicionistas, que desde janeiro parecem não se conformar com a perda do comando político e de seus cargos públicos, vivem agora um festival de críticas contra Jackson. Vale lembrar que foram apeados do poder após a aposta arriscada do ex-prefeito Eraldo de Andrade, que imaginou ser capaz de enfrentar sozinho a maioria das lideranças políticas locais. O resultado foi a derrota e a frustração de seus aliados, que hoje tentam se apoiar em episódios como esse para sustentar um discurso de desgaste.
O curioso é que a alteração no calendário de pagamentos, agora usada como munição contra Jackson, já havia sido feita pelo próprio Eraldo quando estava à frente da prefeitura, inclusive além disso com demissões de funcionários comissionados e contratados em todos oito anos de suas duas gestões — sem que os mesmos críticos de hoje esperniassem ou emitissem qualquer indignação.
Antes de qualquer análise apressada, é necessário reconhecer que Jackson do Mangue Grande governa sob a sombra de uma verdadeira “herança maldita”. O orçamento em vigor foi elaborado pela gestão anterior, de forma engessada, e não reflete as necessidades reais da população. Com ele, o atual prefeito tem pouco espaço para cumprir as promessas feitas à população em 2024.
O contraste entre os modelos de gestão é claro. Enquanto o ex-prefeito fazia o dinheiro faltar em serviços públicos, mas sobrar para pequenos favores pessoais, Jackson tenta estruturar um governo que cria políticas permanentes. Prova disso é o projeto "auxílio cidadão", um programa municipal de transferência de renda para famílias em situação de vulnerabilidade. A iniciativa, ao contrário da política de “donativos do bolso” do antecessor, busca independência e dignidade para os mais pobres, ainda que não esteja prevista no orçamento herdado.
Na área da educação, a diferença também é notável. A gestão passada, em oito anos, não conseguiu abrir uma única turma em tempo integral. Já a nova administração iniciou a implantação de várias salas nesse modelo, o que aumenta as despesas com pessoal, mas sinaliza uma melhoria nos índices educacionais futuros. Além disso, reformas e adequações em unidades escolares estão sendo tocadas, assim como a colocação em funcionamento da creche que Eraldo deixou inacabada por anos, mas que só fez inaugura-la no apagar das luzes da sua gestão, com o objetivo de deixar o passivo para o atual prefeito resolver— obra que agora gera novas contratações, mas que, finalmente, serve à população.
Além disso, outro desafio é o contrato limitado de coleta de lixo e de limpeza urbana, que o ex-prefeito deixou a contratação de empresa com um número insuficiente de carros coletores e de trabalhadores para atuarem na limpeza, sendo necessário fazer uma nova licitação que possa colocar o contrato dentro da real necessidade de uma cidade do porte atual de Boquim. E, para isso, ocorrerá mais um embate com o orçamento irreal deixado pelo ex-prefeito do "bolso fundo" dos favores pessoais.
O que se vê, portanto, é que o barulho oposicionista sobre uma simples mudança de calendário de pagamento esconde um debate muito maior: a tentativa de Jackson do Mangue Grande de transformar prioridades e romper com as velhas práticas administrativas de improviso e assistencialismo pessoal, que deixou Boquim dependente e estagnada.