Engenheiro de formação, gestor de visão e líder político influente por décadas, João Alves deixou um legado que atravessa o tempo e moldou o Sergipe moderno.

Quando se fala em grandes nomes da política sergipana, é impossível não mencionar João Alves Filho. Três vezes governador do estado, prefeito da capital e ministro da República, ele foi protagonista de uma trajetória marcada por obras estruturantes, visão desenvolvimentista e forte presença no cenário político regional e nacional.

João Alves governou Sergipe em três ocasiões: de 1983 a 1987, de 1991 a 1995 e de 2003 a 2007. Nenhum outro político sergipano comandou o estado por tanto tempo. Seu estilo técnico, com forte influência da engenharia — sua formação de origem — foi o alicerce para transformar um estado ainda limitado em infraestrutura em um território mais integrado, produtivo e funcional.

Entre suas marcas mais duradouras estão a construção de barragens, como a de Jacarecica; os perímetros irrigados no interior, que geraram emprego e combateram a seca com inteligência; a modernização das estradas e o início de obras como o Canal de Xingó, que mudou a realidade de abastecimento hídrico do sertão.

Além disso, mesmo não sendo prefeito à época, teve papel decisivo na urbanização de Aracaju nos anos 1980 e 1990. Conjuntos habitacionais, grandes avenidas e equipamentos públicos nasceram sob sua articulação e influência direta.

João também foi um líder político carismático e acessível, presidindo por anos o antigo PFL (hoje União Brasil) e articulando alianças que marcaram a história eleitoral de Sergipe. Seu nome mobilizava forças, definia estratégias e ocupava espaço central nas disputas estaduais por mais de três décadas.

João amava Sergipe e os sergipanos. Era um líder que dava atenção a todos, do jovem ao deputado. Andei com ele por anos, sempre me incentivando a ser um líder político, alguém que pensa no seu povo. Mais que um gestor, João era um formador de pessoas, um inspirador de trajetórias.

É claro que sua trajetória não passou sem controvérsias. Nas fases finais da carreira política, enfrentou desgaste administrativo, denúncias e críticas. Contudo, mesmo seus adversários reconhecem: poucas lideranças conseguiram transformar tanto, especialmente com obras concretas que permanecem até hoje servindo ao povo sergipano.

Outros nomes deixaram suas marcas — como Augusto Franco, Albano Franco e Marcelo Déda — cada um com estilos próprios e contribuições valiosas. Mas nenhum deles somou tempo, volume de realizações e presença histórica comparável à de João Alves Filho.

Faleceu em 2020, mas seu legado permanece. Está no campo irrigado do sertão, na avenida asfaltada que liga cidades, nas estruturas de abastecimento que enfrentam a seca, nos bairros da capital e, sobretudo, na memória de um povo que viu Sergipe ser reconfigurado sob sua liderança.

João Alves Filho não foi apenas um político. Foi um marco na história administrativa do estado. E por isso, com justiça, é lembrado como o maior governador que Sergipe já teve.