Thiago de Joaldo: rejeitado em casa, como ser acreditado no estado?

O deputado federal Thiago de Joaldo, em seu discreto primeiro mandato na Câmara dos Deputados, oficializou recentemente o rompimento com o governo Fábio Mitidieri (PSD). Embora sua guinada oposicionista já fosse perceptível em discursos e atitudes, a ruptura definitiva parece ter sido precipitada por pressões públicas e pelas incoerências evidenciadas ao longo do tempo — como a de quem afirmava apoiar o governo enquanto agia como adversário, fato já apontado em artigo anterior.
Natural de Itabaianinha, Thiago agora tenta se apresentar como uma “nova opção” para disputar o governo de Sergipe. No entanto, seu discurso de renovação colide com seu histórico político: práticas típicas da velha política do interior sergipano, laços familiares enraizados no conservadorismo local e uma atuação parlamentar considerada irrelevante. Sua baixa projeção é tamanha que, segundo relato de um aliado, em uma recente visita a um importante município do estado, após sua saída, a pergunta que mais se ouvia entre os presentes era: “Quem era aquele rapaz que estava com você?”.
A tentativa de se consolidar como liderança estadual esbarra também em resultados eleitorais concretos. Em 2024, tanto Thiago quanto seu irmão Danilo de Joaldo — ex-prefeito de Itabaianinha — foram fragorosamente rejeitados nas urnas de sua terra natal, encerrando um ciclo de 28 anos de domínio político da família sobre a prefeitura local. O recado dos eleitores foi claro: fim ao clientelismo e à hegemonia dos Joaldo no município.
Diante de um mandato federal inexpressivo e de recentes derrotas eleitorais, a especulação de que Thiago cogita disputar o Governo de Sergipe parece mais uma manobra estratégica do que um projeto realista. O objetivo pode ser duplo: tirar de cena o vice-prefeito de Aracaju, Ricardo Marques — que pretende disputar o Executivo estadual caso o prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho, fique inelegível — e aproveitar a visibilidade de uma candidatura majoritária para tentar eleger seu irmão Danilo como deputado federal, à sombra da estrutura partidária. Essa movimentação, no entanto, não representa ameaça real a figuras mais competitivas, como a prefeita de Aracaju, Emília Corrêa (PL), que pode estar por trás dessa articulação visando pavimentar seu próprio caminho rumo ao governo estadual em 2030, sem concorrência de nomes com peso eleitoral semelhante.
Apesar de se autoproclamar como símbolo de renovação, Thiago carrega o peso de um sobrenome associado à velha política e ao uso da máquina pública em benefício da própria família. Sua história é demasiadamente conhecida em Itabaianinha — e talvez por isso mesmo tenha sido rejeitado. Se deseja algum protagonismo em Sergipe, precisará antes encarar a dura realidade de que não é bem-vindo nem mesmo em sua terra natal.