Emília Correia e o risco calculado: Entregar resultados ou embarcar em guerra por terceiros?

14/06/2025 às 10:00:34

| Por Flavão Fraga 

 

Diante das recentes movimentações no tabuleiro político sergipano, acompanhamos com atenção o novo traçado que se desenha. A prefeita de Aracaju, Emília Correia (PL), foi eleita com expressiva votação popular, mas sua coligação elegeu apenas dois vereadores. Por isso, a base que hoje sustenta sua gestão na Câmara Municipal é considerada artificial, composta majoritariamente por parlamentares alinhados ao líder do União Brasil, André Moura, ou ao governador Fábio Mitidieri (PSD). Em outras palavras, Emília governa com uma “maioria emprestada”, o que a torna vulnerável e sujeita a pressões externas.

Nos últimos dias, episódios envolvendo figuras próximas ao entorno da prefeita indicam uma tentativa de "queimar a largada" da corrida eleitoral de 2026, antecipando um desgaste político tanto para o governador quanto para André Moura. A resposta de ambos foi imediata. Como a política é construída com base em gestos recíprocos — e não por filantropia — é natural que aqueles que se sintam atacados reajam. E isso poderá acontecer, caso Emília não contenha o ímpeto de seus aliados mais afoitos.

Apesar de ter conquistado a Prefeitura de Aracaju, Emília ainda não detém o poder pleno, pois encontra-se diante de um Legislativo fortalecido e independente, que não se submete automaticamente à sua cartilha. A fala recente do governador, ao afirmar que não estenderá a mão a quem, segundo ele, lhe oferece um "tapa no rosto", escancara o recado. E nos leva à reflexão: quem realmente tem algo a perder nesse embate?

O governador Fábio Mitidieri? Certamente não.

André Moura? Tampouco.

Os aliados de Emília que tentam provocar o governo e antecipar a disputa estadual para viabilizarem suas próprias candidaturas ao governo ou ao Senado? Esses tampouco se preocupam com o desgaste imediato, pois agem como franco-atiradores, utilizando a "pólvora" da gestora para promover suas ambições pessoais.

A consequência recairá sobre a própria prefeita. Por isso, Emília precisa avaliar com frieza seu planejamento político. Seria mais estratégico para Emília focar, neste momento, em uma gestão eficiente e comprometida com as entregas prometidas à população, garantindo sua reeleição e, só então, no tempo certo, vislumbrar voos mais altos na política estadual. Ou, ao contrário, valeria a pena comprar agora a briga de seus aliados, que hoje se apresentam como parceiros, mas que, caso eleitos governador ou senadores, podem amanhã se tornar obstáculos em seu caminho? Eis a questão... Esses aliados de hoje, tão dependentes do cabedal da prefeitura, estarão dispostos a lhe passar o bastão amanhã, quando estiverem fortalecidos e de "pescoço grosso’?" É importante Emília refletir!

Como já dissemos: política não é filantropia — é troca de gestos. E cada gesto tem seu preço ou lucro. O resultado depende das escolhas!